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Luso thread

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brasilportugal.jpg
64KB, 500x263px
>no luso thread

Let's fix that. Post your works in the best language out there and critique others
http://pastebin.com/XMT0uxmj
>>
>>8643802

Se você pudesse
Naufragar nos abismos de minha alma,
Na eterna meia-noite e eclipse inderretível
Das cavernas mais fundas de meu ser
- Labirintos nos quais caminham eus estranhos -
Se você mergulhasse nessa noite
Com uma luz e olhasse as criaturas
Que a habitam, os tritões que me compõem;
Se eu pudesse lhe dar minha memória
Para você fazer nela uma autópsia,
Então você não mais teria dúvidas:
Iria confiar em mim, saber
Que eu jamais poderia abandoná-la

(Trecho da peça nova que estou escrevendo)
>>
>>8643955

Uma meditação sobre a prisão e seus efeitos sobre as pessoas (trecho da nova peça que estou escrevendo)
YOKO: Eles vão morrer, porém gota a gota.
A prisão talvez seja uma das formas
Mais cruéis de matar, pois muitas vezes
O coração, confuso, ainda pulsa
Durante vários anos dentro do cadáver
Sem saber que o seu dono já não vive.
As paredes de pedra das masmorras
São criaturas vivas, são famintas;
Os prisioneiros são seu alimento:
Elas sugam os fluídos de suas carnes,
Elas sugam os anjos de suas almas,
Elas drenam o néctar de seus sonhos,
Elas os desidratam de sua dignidade.
Em poucos anos o que resta de você
É apenas uma concha oca, que pode
Até ecoar os sons de um oceano
Que não existe mais, mero fantasma
Do mar da alma que o cárcere sorveu.
Os resíduos de um preso são qual casca
De inseto que a tarântula da reclusão
Abandonou após sugar as vísceras.
Morrer encarcerado é perecer
De inanição, sofrer fome de sol,
De céus, de estrelas, de ar fresco, de afeto,
Que são oferecidos só em migalhas.
O preso ainda jovem tem um sol
Na esperança, que dia a dia o aquece;
Ele tenta manter vivo esse fogo
Ruminando promessas a si mesmo,
Murmurando baixinho palavras de fé.
Porém os anos se acumulam sem
Que a chave das correntes jamais chegue,
E o sol se distancia, esfria, murcha;
O sol morre em fogueira, que emagrece em vela;
Após uns anos é mera verruga,
Que mingua em grão de pó, que mingua enfim
Em nada: resta apenas um céu frio
E escuro, um céu noturno, a chorar neve.
Eles hão de morrer, mas gota a gota.
>>
>>8643957

(Sobre a língua portuguesa)

NOBUNAGA: Linguagens são cidades invisíveis;
Algumas soam como construções
De barro, outras de ferro, outras de pedra,
Algumas de madeira, outras de gelo,
O português, porém, parece império
Modelado com seda ou com vapor de mármore.
Alguns dizem que línguas se assemelham
A criaturas vivas, a organismos;
Se fosse assim o português teria
Raios de sol nutrindo-o por veias
E a dócil luz e prata sussurrante
Do luar como os ossos que o sustentam.
O português ecoa, aos meus ouvidos,
Como o oceano, mas seu marolar
É temperado com baunilha, e não
Com sal: seus sons emanam a voz e hálito
Das sereias, porém tal mar de sílabas,
Se sabe deslizar manso e elegante
(Como as ondas que o vento não fermenta,
Qual anjo-fêmea a ronronar, clamando
Por carícias), também ousa explodir
E espumar como as águas em tormenta,
E então a fala agride, e corta, e estala,
A língua chicoteia, e ouvi-la é como
Se arrastar entre um espinheiro, sob sol tórrido.
Certas vezes, também, se soa sonolenta,
Ouvi-la é deslocar-se em meio a um atoleiro,
Qual no ventre abafado e vegetal
De uma selva. Jamais, porém, é amarga:
É perfumada como um laranjal,
E as palavras, seus frutos, tantas vezes doces,
Podem até por vezes abrigarem vespas,
Ou ter sumo agridoce, e não mel puro,
Porém jamais a língua portuguesa
Tem voz acre, roufenha, voz que lembra as bruxas.
>>
>>8643962

Masatoyo: Eu tenho aqui cartas ainda úmidas
De espiões que enviei para cidades
Costeiras que relatam maremotos,
Ondas gigantes e tremor de terra.
Dizem que a salgada fertilidade
Do mar franziu-se em caldo de ódio, azia
E convulsão, que o cio da água e do vento
Berrou uma ninhada de titânicos
Leviatãs, montanhas cavalgantes
Cujas cristas de espuma as nuvens mordem,
Como se desejassem estripá-las
Para o pomar de velas das estrelas
Acessar e drená-las como balas,
Sugando o mel e açúcar prateado
Da luz, calando o fogo e condenando
O mundo a noite eterna. Contra a costa
Esporearam os tufões seus corcéis verdes,
Colossais hipocampos a rugir tsunamis.
As cartas dizem que anciões que, em vilas
Pesqueiras e cidades portuárias
Moraram toda a vida, jamais viram
O mar jogar-se com tamanha fúria
Contra o litoral, contra rocha e praia;
Que jamais tantas algas, tanta espuma,
Tanto catarro e bile dos abismos
As águas vomitaram pela costa.
É como se o oceano desejasse
Devorar o Japão, desintegrando,
Com saliva salgada e espumejante
Mastigação, as vértebras de pedra
Deste arquipélago onde o sol tem ninho.

Nobukado: Ouvi relatos semelhantes. Pânico
Se espalha em muitas áreas da nação.
A natureza e o caos acasalaram,
Assim crocitam pelos vilarejos
Velhos mendigos, loucos e profetas
(Que, na arte de injetar sabedoria,
Lógica contorcida e insânia iluminada
Com palavras selvagens que nos mordem,
Costumam ser irmãos). Alguns fanáticos
Dizem que o Japão, podre e corrompido,
Qual imenso cadáver, no oceano
Vai naufragar, e nossa amada Terra
Jamais verá as bochechas cristalinas,
O rosto violeta e o sorridente
Olhar dos céus serenos novamente.
Templos, castelos, torres e palácios:
A colméia marmórea e os jardins pétreos
Da civilização, vão dissolver-se
Em limo, a abóboda celeste e os ventos
- Ninhada de raposas acrobáticas
De brisa - em solidão, silêncio e noite
Perpétuos haverão de congelar,
E todos nossos clãs, o império, o sol,
Vão, no desértico país das conchas,
Ancorar em colapso e esquecimento.
(Trechos da peça que estou escrevendo agora, uma Tragédia que se passa no Japão)
>>
>>8643957
Esse eu achei especialmente interessante. Muito bem escrito, palavras bem colocadas e metáforas interessantes, invocam um sentimento de desespero.

Muito bom anon.
>>
>>8643955
>>8643957
>>8643962
>>8643967
Meu amigo, tu é bom.
>>
>>8643802

What are the best poets in Portuguese other than Camões and Pessoa?
>>
>>8643955
>>8643957
>>8643962
>>8643967
O formato todo da peça me agrada, e tem certamente momentos incríveis (quando as metáforas são mais engraçadas e cheias de vida), mas acho que o tom geral me enjoa um pouco. É um texto muito encharcado de romantismo, o que é perigoso.

Em todo caso, eu te parabenizo. Continue o trabalho, só cuidado com essa teatralidade excessiva.
>>
File: 1477085935462.jpg (2MB, 4128x2322px) Image search: [Google]
1477085935462.jpg
2MB, 4128x2322px
Olá Anões
É aceitável acrescentar livros com este aspeto À minha estante ?
>>
>>8645675
Meu Deus, não.
>>
>>8645589
Machado de Assis is my favorite, though I prefer his short stories over his poems
>>
>>8645675
Isso mais parece uma apostila do que um livro. Melhor separar livros assim e colocar em outro lugar.
Adorei os pedaços da peça que o outro anon postou aqui. Queria conseguir colocar no papel coisas belas assim.
>>
>>8645845
São justamente apostilas. Mas acontece que são obras em si. Nessa pica,o caderno mais colorido é um conjunto de documentos sobre a civilização e a cultura romanas e o outro é Medeia de Séneca
>>
>>8645859
É que nem eu falei, creio ser melhor colocar em outro lugar. Ficaria uma imagem muito destoante na estante com outros livros "normais".
>>
Os anões recomendam ler traduções de línguas românticas preferencialmente em português? A diferença é gritante, ou posso utilizar traduções em inglês se outras estiverem indisponíveis?
>inb4 pleb, leia o original
Infelizmente ainda não falo francês.
>>
>>8645910
A diferença entre traduzido diretamente do francês pro português é MUITO diferente de uma tradução direta do francês pro inglês. Se for escolher, tenha preferência pela versão em português.
>>
>>8645921
Isso é algo que tenho refletido bastante sobre. Existem traduções de alguns livros do Dostoiévski direto do russo para português, acho que da Editora 34. Seria melhor as obras dele traduzidas em português ou em inglês?
>>
>>8645932
Já faz um ano que comecei a aprender russo, e a um tempo atrás fui comparar a versão original dos Irmãos Karamazov, em russo, e minha versão traduzida da Martin Claret. Só comparei as cinco primeiras páginas, e a tradução é ótima, as palavras são muito bem escolhidas. Na minha opinião, como o português é uma língua muito vasta, não tem problema nenhum ler livros traduzidos em português. Sem falar que temos ótimos tradutores no nosso país.
>>
>>8645675
Eu acho que o mais interessante seria arrumar um daqueles fichários de repartição e ir catalogando as apostilas (soltas ou não, depende do seu empenho) dentro deles.
>>
Brasileiros, que livro do Jorge Amado aconselham depois dos Capitães da Areia?
>>
>>8645589
Augusto dos Anjos.

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
>>
>>8646122
Edge maldito
>>
>>8645976
Não gosto muito dele e acho que não vale a pena ler o resto, mas experimente Suor, Dona Flor e seus Dois Maridos e Gabriela Cravo e Canela.
>>
>>8645921
Não me decepcione, acabei de comprar uma tradução portuguesa de Jornada ao Fim da Noite para comparar com a tradução do Mannheim que já li.
>>
>>8644273
>>8644312
>>8645666

Obrigado, amigos. Vocês são muito gentis. Agradeço pela atenção e pelas sugestões: significam muito.
>>
>>8643802

Se vocês não se importarem vou postar mais alguns trechos de meu trabalho (sou o cara que está escrevendo a peça):

KANSUKE: A morte aprecia como ninguém um cardápio de carne humana.

(Canta) Sentei-me ao lado da morte
Num sujo e sombrio galpão.
“Tome um trago de cachaça
E sorva a fumaça, irmão.
Estou cozinhando humanos,
Quais pinhões, num caldeirão.”

Disse ela a fumar cachimbo.
“No pasto seco e cinzento
Chamado ‘vida’ os catei;
São, como ostras, alimento:
A concha da carne abriga
Muco insípido e gosmento,

A aguada remela da alma
Que algum deus lá espirrou.”
“Mas tais ostras não tem pérolas?”
Minha ambição perguntou.
“Quase todas, não.” A morte,
A mastigar, arrotou:

“Mas o coração de algumas
Inflama em estranhas ilhas:
Os sonhos, as fantasias:
Da alma as mais duráveis filhas,
Gemas do ego que eu esmago
E como, qual mingau de ervilhas.”

E não resta nada de ninguém nas suas mandíbulas: mesmo se palitássemos seus dentes não encontraríamos uma só migalha da alma, um só fragmento de sonho, um só pedaço mastigado de amor: vidas não deixam resquício nem mesmo no bafo da morte. Não há uma só mancha de tártaro humano nas presas da morte após todas as existências que ela mastigou; não resta, preso entre dois dentes, um só fiapo de carne de todas as progênies e etnias devoradas, nem um só pedaço de alface da horta das gerações.
>>
>>8647750

Kumori: Anjos: araras com plumas de luz
Que nos céus fazem ninhos, querubins
Com leite aquoso de luar por sangue

(...)

Uma prece fúnebre
Kumori: (Falando para os médicos) Levem o corpo de meu nobre irmão
E o embalsamem com sua arte e ciência.
Ele merece o enterro de um soldado;
Ele merece o enterro de um poeta;
Merece o enterro de um líder, de um rei.
A árvore humana perde um fruto sem minhocas;
A língua que o marchar das eras narra
Costuma encher-se de aftas e feridas
Pela simples menção da palavra “homem”,
Mas entre nós uns poucos tem tão nobre nome
Que a própria eternidade, quando nina
Seus filhos, conta a história de tais almas
Que a raça humana honraram mesmo sendo humanos.
Meu irmão era dessa rara raça;
Hoje eu perdi meu melhor amigo,
E o mundo um homem.

(...)

Nobukado: Demônios não existem, meu amigo.
Quisera que existissem: poderíamos
Ornar seus chifres com as flores podres
E as coroas de ramos malcheirosos
De nossos próprios crimes, nossos erros,
Porém demônios não existem; somos
Nós mesmos que exercemos seu ofício
Aqui na Terra, nós somos as bestas.
Diabos poderiam se aninhar
Em seus vulcões de enxofre, em seus abismos,
Quais gatos no sofá, e dormitar
Por toda a eternidade, nos deixando
Sob comando de nós mesmos, pois todos
Os dias consagramos aos infernos
Templos de horror, esfinges de barbárie.
Satã é um fazendeiro preguiçoso
Que apenas nos observa, nós, os porcos,
Grunhindo nossos eus, amontoados
Nesse grande chiqueiro, a sociedade.
Caso você pudesse arremessar
O seu anzol no inferno e um dos dragões
Pescasse, então iria ver ver que o mal
Tem dois olhos, dois braços, duas pernas,
Que tem coração, rins, pulmões, estômago,
Que não tem asas, garras ou escamas,
Mas pele mole e quente, que ele fala,
Que come, bebe e dorme, como nós,
O que é natural: nós somos o mal.
Satã é tedioso, desbotado,
Veste roupas comuns, é nosso espelho.
Se existe inferno, nós somos sua prole;
Nós meramente abrimos os bueiros,
Escalamos o esgoto e aqui, na Terra,
Fundamos novo inferno, novo Tártaro.
Seja nas sombras, seja sob o sol,
O rato será rato, a peste, peste.
Foi isso que aprendi olhando o mundo;
A idade e a experiência me mostraram.
Há algo em nossas glândulas, nossas vísceras...
Nossa coluna vertebral é uma espada,
E ela está sempre sussurrando em nós
Uma fome incessante e ancestral pelo sangue.
>>
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Screenshot_20161023-014651.png
65KB, 720x1280px
Uma pica de algo que eu escrevi há algum tempo. Por favor, o que acharam anões?
>>
>>8645943
Tornou-se algo bom saber que não estou lendo asneiras (apesar de ainda poder estar) por causa de traduções erroneamente feitas, isso vinha sendo - ou ainda é - algo de extrema aflição para mim. Sou admirador de alguns pontos da obra literária russa e tenho o empecilho da língua

Demais, alguém aqui do /lit/ já, por algum acaso, leu Oliveira Vianna, principalmente o livro "Populações Meridionais do Brasil"? Pois estou lendo ele neste momento e queria o discutir
>>
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fofaooo.jpg
58KB, 575x251px
>>8647765
>Nossa coluna vertebral é uma espada...


Mas falando sério, eu achei bonita a parte sobre pescar dragões no inferno e descobrir que eles têm dois olhos, dois braços, duas pernas...somos nós enfim.
Mas qual o nome da peça? Sobre o que que e?
>>
>>8649119

lol essa foto.

Bem, a peça é baseada no filme de Akira Kurosawa chamado Kagemusha. Mas eu mudei a maior parte da história para algo mais sombrio.

A peça se passa no período medieval do Japão, quando vários clãs de samurais lutavam pelo poder completo do país. O Japão era como uma colcha-de-retalhos, com vários barões da guerra matando uns aos outros como gangues mafiosas nos dias de hoje.

A peça é focada no clã Takeda, um dos mais poderosos e tradicionais da época. O chefe dos Takeda, Takeda Shingen, é atingido por um tiro de sniper e acaba ficando muito doente, próximo da morte. Ele e seu irmão, junto com os generais do clã, decidem utilizar um sósia no lugar do líder, apenas de aparência, para que as forças do clã não fiquem desesperadas e percam a moral. No filme de Kurosawa, o sósia é um ladrão de galinhas que acaba se provando um homem nobre com o tempo.

Na minha peça o sósia era um soldado de grande habilidade que, por matar um capitão do próprio clã (que o havia ofendido), é condenado à morte. O irmão do mestre dos Takeda, chamado Nobukado, percebe a semelhança e decide treinar o homem para a eventualidade de se precisar de um sósia. Como já referi, isso acaba se provando necessário.

O que acontece, porém, é que o sósia aos poucos começa a ganhar controle. Takeda Shingen morre, antes dizendo que seus generais deveriam amnter o sósia em seu lugar por ao menos 2 anos. Mas o sósia é ambicioso, e, mesmo vindo de uma criação pobre e humilde, acaba não mostrando simpatia e empatia para com o povo simples, mas atacando aldeias e fazendo de jovens seu exército pessoal de seguranças e assassinos de aluguel. Ele acaba mandando executar muitos de seus próprios generais.

Ao mesmo tempo que o clã dos Takeda sofre com conflitos internos, dois jovens daimiôs começam a tomar o Japão para si mesmos. Eles são Oda Nobunaga e Tokugawa Ieyasu. São eles que, juntos, se provam a maior ameaça para o projeto do clã Takeda de tomar o poder completo do Japão.

Esse seria um resumo da peça. Acho que vou terminar ela por volta de janeiro ou fevereiro de 2017. Depois dela planejo escrever peças com temas e personagens atuais, como políticos, gangsters e chefes de estado (e também comédias românticas).
>>
>>8648010
>Que tu sejas vomitado deste meu peito.
Se você usasse expurgado em vez de vomitado o verso soaria melhor na minha opinião.
>>
>>8649669
>é atingido por um tiro de sniper
Quê?

Mas a peça parece bem interessante. Sinceramente, >>8647765 e >>8643957 ficaram magníficos. Sinceramente, um dos melhores poemas que já li. Você tem algum blog ou site em que eu possa ler mais dos seus trabalhos, e acompanhar o que você escrever no futuro? Se você publicar essa peça, pode ter certeza que vou comprar. Você tem muito potencial anon, pode se tornar o próximo grande escritor da língua portuguesa.
>>
>>8645921
>>8645932
>>8645943
>>8645910

Também tenho preferência pelo português sobre o inglês quando se trata de algumas traduções. Mas no geral, o melhor a se fazer é de fato buscar por outros fatores nessa escolha. Quem é o tradutor? Existe alguma nota sobre sua tradução? Ele inclui notas de rodapé explicativas ou coisa do tipo? O livro que você está lendo requer conhecimento especial do tradutor (por ex: não ficção de filosofia, história, arte, etc) e esse tradutor o tem?

Essas coisas são mais importantes do que decidir entre o inglês e o português, existem boas e más traduções nos dois idiomas.
>>
>>8651044
Obrigado pela opinião anão, mas nesse ponto eu quis trazer uma aparência de, digamos, "nojo" ou de repulsa, já que, sejamos sinceros, o vomito é algo que gera nojo e repulsa - lembra-se da última vez que vomitou? - entende?! Pois bem, se ainda assim você acreditar que o verso se mostra ruim, me deixe informado!
>>
File: hqdefault.jpg (15KB, 480x360px) Image search: [Google]
hqdefault.jpg
15KB, 480x360px
>>8647765
Parabéns anão, isso ficou bom!
>>
>>8651066
>>8651338

Muito obrigado pelo apoio: significa muito para mim. Eu penso em publicar a peça pela Amazon quando terminar, pois é bem complicado encontrar editoras para verso, e drama em verso não é exceção. Penso em publicar pela Amazon e tentar divulgar eu mesmo.

Eu agradeço mesmo o apoio; tento fazer o meu melhor, mas geralmente sinto que escrevo em um estilo já morto, já passado. Creio que a prosa e o romance mandam no mundo hoje. Conheci já alguns amigos no 4chan que aparentam ter mais mais capacidade de fazer algo relevante, a longo prazo, do que eu.

Também tenho esse problema:

>>8645666
>as acho que o tom geral me enjoa um pouco.

Tenho que cuidar para tentar não deixar a poesia dominar e para ser mais um dramaturgo, mas tenho grande dificuldade com isso. Concisão é um problema para mim; sinto que muitos jovens autores são mais originais, mais verdadeiros.

>>8651066
>>é atingido por um tiro de sniper
>Quê?

Eu me expressei errado: é um tiro de arcabuz de um guarda nas muradas de um castelo. Takeda Shingen ficou sabendo de uma flauta que estava sendo ouvida pelos seus soldados nas muradas de um castelo que eles estavam sitiando, o castelo Noda. Um guarda conseguiu dar um tiro certeiro, segundo conta a lenda, e a ferida desse tiro, ao inflamar, foi o que causou a morte de Shingen.

>>8651066
>Você tem algum blog ou site em que eu possa ler mais dos seus trabalhos, e acompanhar o que você escrever no futuro?

Tenho sim; fiz uma página de Facebook. Penso em divulgar a peça lá quando estiver pronta. Essa é a página:

>Poesia e Teatro de Matheus Spier

(não posto o link por que o 4chan diz que é spam)

Obrigado uma vez mais pela leitura e atenção.
>>
>>8651583
Já curti sua página. Tens muito potencial sim, não se deixe levar pelos maus pensamentos.
>>
>>8646122
Augusto dos Anjos é literalmente o melhor poeta.
>>
Tinha postado numa critique thread uns dias atrás:

"Ian se refestela na cama sem sequer tirar o acolchoado. A temperatura começa a cair e ele lembra que talvez seja uma boa ideia descer para o jantar. Seus olhos fitos na luminária onde um grupo de mosquitos voa em um vaivém ininterrupto. “Que diabos eles querem?”, ele se pergunta e observa os insetos em sua dança da morte até que um deles, o mais arguto e afoito, tenta meter-se por entre a base de plástico que segura a lâmpada fluorescente, até que, de tanto se bater ali dentro, ele acaba tocando um dos pinos de contato que estavam minimamente expostos. Há uma descarga elétrica, pequena e imperceptível àquela distância, e Ian sabe que aquilo foi o fim. Ele quer pensar sobre aquilo, extrapolar o insignificante ao ponto que tudo se torne uma reflexão acerca da vida e sua falta de propósito — mas tal como um músculo que exposto a exercícios prolongados mal consegue estender-se sem que uma dor pungente o acometa, da mesma forma Ian sente a cabeça oscilar pesada, um pêndulo entre sonho e realidade, os olhos semicerrando-se, o corpo tomado por um torpor, até que tudo desaparece nos rios que fluem a mente cujos barcos já se encontram em cais escuridão adentro."
>>
>>8652357

Obrigado pelo apoio :)
>>
O que acham do Daniel Galera, anões? Uma amiga me recomendou mas ainda não li nada dele.

Estou lendo um livro chamado "O Passageiro do Fim do Dia" do Rubens Figueiredo, tradutor de Tolstói aqui no Brasil. Fiquei impressionado pela sensibilidade dele como autor. Recomendo muito.
>>
Fumo uma caneta,
Mas não é por engano.
O que a linguagem não deixa,
Sendo humano, a entranha
Desfecha. Sendo rei,
Ela não se queixa.
Abane-me o abano.
>>
Tive uma mesa redonda
e depois tive um filho.
Como uma anaconda,
Engulo o chapéu e tenho
Uma mesa rectangular.

Assim tem de ser, para
engolir a vaidade do céu.
O raio do caminho
faz-se caminhando, mas
não se faz sozinho.
>>
3)
Em casa fechado no frigorífico,
Vazio a olhar para o brilho
Quando mo abrem e têm pena
Da fome e me trazem almoço
Como ao cão, batendo à porta
Que demoro a abrir porque já
Não tenho polegares: neles fiquei
Sem pele depois de largar a farda
Do trabalho que ainda tenho para
Lavar. Comi-os todos.

4)
Fazer amor todas as noites
No campismo à luz do candeeiro
De lua alaranjado. Com gemidos
Ligeiros para não-alarmismo, no
Fim do dia tudo fica bem sossegado.

5)
A rima mais fácil é dizer
Que não posso comer pão.
Entenderás, se passares uma vida.
Em vão; felizmente a minha obra
É um googolplex são.

6)
Conheci uma galega que por
Aquela altura era de Valência.
Alabregado, fi-la sentar-se e levantar-se;
Tão apetente de aparência.
Alabregado, de boca aberta, com
Aptidão de azeite de Oliva.

7)
Jogar à bola na rua
Com as mãos sujas
Com a testa nua
Só com o suor das ruas.

8)
Está tamanho calor
Que tenho de sonhar
No parque com os dedos
Peganhentos de gelado

9)
Uma bola colorida gigante
É chutada pela infante.
Por engano vai para a estrada
E há medo de ser atropelada.
Tenta arrumar a bola, chavala;
Um dia já sairás à noite de mala.

10)
A dona da leiteira dá-me leite
Para que eu fique satisfeite.
E deixa o quadro na sua sala
Para eu não encher cá a gamala.
Respeito isto tudo mui bem,
Pois senão não hadia de ver um vintém!
>>
>>8651327
Não, o verso em si é bom, a sonoridade dele que me incomodou um pouco.

Eu entendi o contexto do verso, sugeri "expurgado" porque a palavra combina com a ideia de exorcismo. Como se você estivesse expulsando um demônio do coração.
>>
>>8649669
>Kagemusha


Adoro a trilha sonora desse filme, os ecos da grandeza derrotada:

https://www.youtube.com/watch?v=xA_g3lN-3Fg
>>
>>8643802

Vou bumpear com mais trechos:


NAOMASA: As minhas cicatrizes para mim
São a memória dos lugares onde
A morte me beijou, são os carinhos
Que os deuses das batalhas me fizeram:
Sou seu eleito, sou seu escolhido.
As cicatrizes, meu amigo, são
Para o soldado como que o diário
Da vida bem-vivida. Não há nada
Como ter um inferno bordado na carne,
A pele sufocada com as mil dentadas
Dos demônios que estrangulei nas lutas.
As cicatrizes de um barão da guerra
São arranhões do anzol da velha morte,
Cuja isca ele roubou sem ser pescado.
Assim como as estrelas são feridas
Que a pele de carvão do abismo rasgam
Para mostrar que há vida a boiar dentro
Do nada, assim também na minha carne
As chagas falam quanto esta carcaça
Viu e viveu vagando pela terra.
>>
>>8643802

What are the strong points and advantages of the Portuguese language?
>>
>>8646122
>Profundissimamente hipocondríaco
Desafio a achares um poeta capaz de escrever um decassílabo com duas palavras.
Pro tip: Só Cruz e Sousa fez algo parecido e de maneira pontual.
>>
Não perca tempo, leia o livro "O universo em desencanto".
>>
>>8645589
Al Berto
Cesário Verde
Almada Negreiros

They say Portugal is a nation of poets and I think they're right. These I've mentioned probably aren't translated though.
>>
O que acham?

O que eu quero
Eu quero
Tudo e dinheiro
Cona e glória
O amor de morenas bonitas
Pretas também vá porque
Não loiras
Amigos ao longe soltos
Chegar às hipérboles físicas nas calmas
Andar de um lado para o outro
Vagar para achar sempre o rumo todo
Ouvir o mar roçando-se no céu preto
A Terra a acabar e eu a vê-la melancólico
Viajar mais de mil anos pelo cosmos
– Ganhar medo à eternidade do Universo –
Viver tanto que a Sara quase se esqueça
Um apartamento vazio
Cheio de Sol e de rio com silêncio
Espalhado pelos cantos
E tempo para andar de jipe por Sambade com
o Filipe
Acabar por ser o último
Sem ser velho
Morrer em mim o sentido de ser vivo
Parado na escuridão do espaço
E, aqui, o suspenso no entretanto
Que fosse talvez menos difícil
Ser feliz mas muito pouco
Perscrutar melhor o Labirinto
E quem sabe um filho, por enquanto
Voltar atrás no meu tempo,
e no fundo mais
Tempo, mais
Tempo
Mais
Tempo
>>
>>8653643
>>8653648
>>8653662

Estes poemas - parecem-me ser do mesmo poeta - são bastante bons.

Os poemas da peça do anão parecem ter potencial, mas por enquanto não o são - estão cheios de lugares-comuns, de metáforas e imagens batidas e expectáveis. Há que melhorar isso. A estrutura também é pesadona, há que desempoeirar um pouco o corpo da peça.

Outra coisa: sempre que há fios destes vejo imenso circlejerking dos postadores zucas. No fundo, vocês gostam de qualquer merda. Podem ser críticos e construtivos sem serem mal-educados (naturalmente que o sabem). Não se limitem a elogiar, afinem o olho crítico mesmo que poucas falhas vejam nas coisas. No fundo, não estou a antagonizar ninguém - tal como vocês, gosto muito destes fios lusos por aqui.
>>
>>8653535
Também queria ler algo desse Daniel Galera.
>>
>>8658735
Obrigado pelo elogio. Tens ideia do que possa fazer com eles? Estou de olho em concursos, mas não tenho encontrado muitos
>>
>>8643802
Just a little shit poem of mine (if you can call it that)

The modern Male,
He orders Kale,
His life is fail,
The waiter he hails.
"Sir What is the healthiest drink here?"

"I do not know, maybe a low carb beer?"

" Ohh I cannot get that, for it will make you fat"

" Well no because there are no carbs in that"

Fair enough, Fair enough the waiter did say,
and into the kitchen the waiter did stay.

"Where is this waiter with my cold beer?"

Until a creature showed out of the kitchens rear.

" You soft little rat, drink my beer that is full,
and after the first sip, your lips will drool"

" Your beer you say? you must have no clue,
Because by your big fat nose you must be some rat jew"

"Blasphemy! you know not! you are the scum of the land! How can you say such things from a generous hand?"

" Because you are death, liar breath! destroyer of worlds, to madness and chaos your kin will all twirl"

And in the inn, at the moment of all sin, a maiden walked in, a beautiful girl.

"Fuck you guys, get me some fries, I am so fucking drunk,
Let me sit down here next to you, I stink like a skunk."

"Hello miss, how are you, are you feeling ok?"

"Would you please fuck off, im a lesbian gay."
>>
IEYASU: É muito fácil
Ser calmo quando não estamos sob
Ameaça ou picados por paixões,
Mas a sabedoria verdadeira
É, quando o centro e umbigo do ciclone
Da emoção nos engole, conseguir
Pegá-lo pelos cachos dos cabelos
E com tais fios prendê-lo em camisa-de-força,
Ou agarrar os pelos de sua cauda
E entrelaçá-los, qual nó nos cadarços,
Para que o grande temporal tropece.
Destecer todo um furacão de cólera
Por um só fio, como um novelo gordo
De lã que é desnudado em nada: espero
Que possam aprender como fazê-lo.
>>
>>8658262
>very flexible, and thus great for literature and poetry
>beautiful when properly pronounced
>huge vocabulary, especially the Brazilian variety
>can use it to score hot hue nigresses and latinas
>>
>>8661340
>very flexible, and thus great for literature and poetry

Poderia dar exemplos? Sempre pensei no português como um idioma bastante duro. É difícil, por exemplo, transformar substantivos em verbos, como, por exemplo:

O, now doth Death line his dead chaps with steel;
The swords of soldiers are his teeth, his fangs;
And now he feasts, mousing the flesh of men,

Shakespeare consegue usar o substantivo "mouse", camundongo, e o transformar em verno, com "mousing". Porém em português iria soar estranho o "camundonga a carne dos homens" ou "camundongando a carne dos homens". Essa espécie de transformação ocorre todo o tempo em inglês.

Outra coisa que vejo muito em inglês são palavras compostas, o que eu gostaria de ver mais em português. Por exemplo:

Wast thou ordain'd, dear father,
To lose thy youth in peace, and to achieve
The silver livery of advised age,
And, in thy reverence and thy chair-days, thus
To die in ruffian battle?

Veja a palavra "chair-days", que seria uma nova forma de falar dos dias de ancião; a tradução "dias-de-cadeira" talvez não soasse comum e boa para muitas pessoas, porém em inglês isso ocorre o tempo todo.

Por isso eu pergunto qual seria a flexibilidade do português, em seu entender. Eu creio que seria bom tentarmos torná-lo cada vez mais flexível, talvez tentar assimilar algumas características do inglês e do alemão.
>>
>>8643802

KUMORI: Você pensa que pode me ofender,
Mugir tão livremente os seus insultos?
Se o próprio Deus do pombal dos céus
Descesse, se as estrelas, sol e lua
Viessem caminhar aqui na Terra,
Deixar suas pegadas luminosas
Em nossa argila, e ousassem me ultrajar,
Expelir seu catarro em minha barba,
Eu brandiria a espada e os cortaria.
Se o demônio rosnasse desafios
Eu desceria até as entranhas pútridas
Do inferno, o lar do fogo escuro e da luz fria,
Deserto de infinitas dunas de tortura,
Eu desceria lá, atrás da toupeira,
E traria o diabo pela cauda.
Seu desafio não tem voz mais forte
Que o coaxar pequenino de uma rã
Dentro de toda a imensa noite que eu
Estou disposto a enfrentar.

KATSUSUKE: É comum nos tiranos tanto orgulho
De si mesmos: são monstros que seu próprio
Limo exaltam com honras.

KUMORI: Vamos, venha!
Conquiste sua vida com a minha
Morte; meu sangue há de ungir-lhe com
O direito de existir.

(eles lutam)
>>
>>8661365
Cada língua com suas particularidades.
Esta capacidade de transmutar substantivos em verbos é algo que também admiro, assim como a aglutinação (que provavelmente é um resquício do alemão).

Eu me referi aos usos e significados variados que uma mesma palavra pode exprimir, talvez eu não tenha me expressado da maneira mais adequada.
>>
>>8660377
Sem dúvida. E olha que acho que tenho alto sentido de exigência.

Trabalhas bem a língua e não pões demasiadas palavras. Há um bom sentido de ritmo, boas quebras de estrofes

São legit bons (como os meus).
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